Os Esbats.

22/02/2015 12:05
Os Esbats
 
Além dos oitos Sabbats, os povos celtas celebravam também os Esbats, ou seja, as treze luas cheias ao longo do ano solar. A lua cheia foi venerada durante milênios por grupos de homens e mulheres, reunidos nos bosques, nas montanhas ou na beira da água, como a manifestação visível do princípio cósmico feminino, na forma das deusas lunares ou da Vovó Lua. Com o advento das religiões patriarcais, houve uma divisão na vida religiosa familiar. Os homens passaram a reverenciar os deuses – solares e guerreiros -, enquanto que as mulheres continuavam se reunindo para celebrar a lua cheia e honrar a Grande Mãe. A cristianização forçada e, principalmente, as perseguições dos "caçadores de bruxas" durante os oito séculos de Inquisição, procuraram erradicar a "adoração pagã da Lua" e os Esbats foram considerados orgias de bruxas e manifestações do demônio.
A palavra Esbat deriva do verbo esbattre, em francês arcaico, significando "alegrar-se", pois essas celebrações não eram tão solenes como os Sabbats, proporcionando, além dos trabalhos mágicos, uma atmosfera jovial. Há também uma semelhança com a palavra "estrus" – o ciclo lunar de fertilidade -, reforçando a idéia da repetição mensal dessas comemorações.
Durante os Esbats, reverencia-se a força vital criativa, geradora e sustentadora do universo, manifestada como a Grande Mãe. A noite de lua cheia ou o plenilúnio, é o auge do poder da Deusa, sendo o momento adequado para rituais de cura e trabalhos mágicos. Usam-se altares – simples ou elaborados – com os símbolos da Deusa e acrescentam-se os elementos específicos da lunação. Além dos rituais, há cantos, danças, contam-se histórias e fazem-se meditações. No final, comemora-se repartindo pão ou bolo e bebendo-se vinho, suco ou chá, brindando à Lua e ofertando um pouco à natureza em sinal de gratidão à Mãe Terra. O pão sempre simbolizou o alimento tirado da terra, enquanto que o vinho favorecia a atmosfera de alegria e descontração.
Atualmente, os plenilúnios são comemorados não somente pelos grupos estruturados da Wicca (os covens), neo-pagã ou xamânica, mas também por grupos de mulheres ou pelos "solitários". A Deusa está cada vez mais presente na vida e na alma das mulheres, os raios prateados da Lua realçando suas múltiplas faces.
Na Antiga Tradição, nas reuniões praticadas por covens ou individualmente, o ponto máximo do Esbat é o ritual de "Puxar a Lua", ou seja, imantar uma sacerdotisa ou mulher com a energia da Deusa. O objetivo desse ritual é triplo: primeiro, procura-se a união com a Deusa para compreender melhor seus mistérios; segundo, busca-se imantar o espaço sagrado com a energia mágica da Deusa e, em terceiro lugar, objetiva-se o equilíbrio dos ritmos lunares das mulheres e o aumento da fertilidade, física e mental. Para atrair a energia da Lua, usa-se o punhal ritualístico (átame) ou um bastão consagrado, direcionando-o para um cálice com água. Invoca-se a Deusa e expõe-se seu pedido ou, simplesmente, entra-se em contato com sua essência, deixando-a penetrar em todo seu ser. Fundir-se com a energia da Deusa é um ato de realização espiritual e jamais deve ser usado com fins egoístas, forjando mensagens ou avisos "recebidos" durante o ritual. Quando o propósito é sincero e o coração puro, a experiência é sublime e comovente. Após um tempo de interiorização e contemplação, tornam-se alguns goles da água "lunarizada" e despeja-se o resto sobre a terra, para "fertilizá-la". Como em outros rituais, os Esbats devem ser feitos após invocar-se os Guardiões das direções e os elementos correspondentes, criando-se o círculo mágico.
Além desse ritual tradicional e formal, pode-se celebrar o plenilúnio de forma mais complexa e criativa, usando-se os conhecimentos astrológicos da polaridade Sol-Lua. Durante a lua cheia, a Lua se encontra no signo oposto ao do Sol, estabelecendo-se, assim, um eixo de complementação. Em certos grupos mistos, trabalha-se a polaridade Sol-Lua reverenciando-se o casal divino, representado por deuses solares e deusas lunares, escolhidos conforme as características astrológicas e espirituais do mês.

O período Lunar começa logo após a Lua Negra, com a chegada da Lua Nova, a primeira representa o aspecto de transformação/morte da Deusa, onde ela é vista em sua Face de Anciã, já a segunda representa o aspecto de inovação/nascimento da Deusa, e ela aparece em sua face de Jovem donzela. Após a Lua Nova a Deusa começa a amadurecer, percorrendo o período da Lua Crescente como uma Donzela em busca de sua fertilidade e força, as quais ela conquista no plenilúnio da Lua cheia onde ela torna-se Mãe. Depois ela começa a caminhar introspectiva pela Lua Minguante para torna-se a sábia Anciã que morre na Lua Negra, para retornar na Nova em um ciclo continuo de vida, morte e renascimento.

A influência da Lua é muito forte não só sobre nosso planeta, mas também na parte psíquica e nos pensamentos das pessoas. Descobrir a influência da Lua em nosso cotidiano foi um dos maiores triunfos dos povos pagãos que aprenderam a reconhecer e utilizar os poderes mágicos da Lua.
Foi observando as fases da Lua que os Pagãos começaram a entender o tempo. Pois foi a Lua que deu as indicações, com suas quatro fases que se repete ciclicamente. Já que cada fase lunar dura, aproximadamente, sete dias.

A Lua representa o sagrado feminino. Ela influencia a agricultura da Terra, as colheitas e os nossos próprios sentimentos e emoções. Da mesma forma, manifestações femininas como a menstruação, a fertilidade e a gestação também estão relacionadas à Lua.
 
Conhecer as fases da Lua e se guiar por elas é papel de qualquer bruxa, pois desta forma saberemos qual é o melhor momento para agir e realizar um ritual no momento correto.

CELEBRANDO UM ESBAT

Você poderá querer incluir o lançamento de um Círculo Mágico para realizar seu ritual de Lua cheia no interior de um espaço sagrado, ou simplesmente sentar por alguns instantes, respirar e imaginar um círculo de luz ao seu redor na cor que você mais gosta. Enquanto imagina ele se formando ao redor de você, profira frases como “Eu traço este círculo para me proteger e tornar este espaço sagrado” ou “Eu lanço um círculo de luz ao meu redor. Que nele nenhum mal entre e que dele nenhum má saia”. Você pode optar em mudar as frases exemplificadas para se adequarem às suas necessidades e até mesmo criar outras espontaneamente na hora.

Depois disso é comum convocar a força dos 4 elementos da natureza Terra, Ar, Fogo e Água, bem como a Deusa e o Deus para testemunharem seu ritual.

É comum, também, realizar os rituais de plenilúnio em homenagem à uma face da Deusa.

Por isso, identifique aquela que mais corresponde às suas necessidades neste momento e componha uma poesia, cântico ou dança em celebração a Ela.

Medite sobre o tema do Esbat que você está realizando e encontre respostas para as suas indagações. Peça paz, luz, amor, cura e união. Consagre algum objeto como uma corrente, pingente ou anel com o óleo aromático que você mais gostar, pedindo as bênçãos da Deusa e do Deus e use-o diariamente para protegê-lo ou para ajudá-lo a alcançar seus sonhos.

Contemple a Lua, sinta sua energia entrar em você e guarde em seu interior o poder gerado por ela. Esta força será seu combustível e o ajudará chegar até a próxima lunação em harmonia e plenitude total. Cante para a Lua, à ela eleve seus braços e deixe que sua magia promova o seu reencontro com a Grande Mãe.

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